É um lance que parece difícil, ouvir –
e ler, sobretudo nas redes sociais –,
e engolir democraticamente, algumas “asneiras políticas”... Mas, é assim que se
participa da construção de um Estado, e país, efetivamente democrático.
A forma, o jeito – a falta (de jeito)
e/ou desrespeito – também, faz parte do processo, sobretudo, de aprendizagem. Sei
que ninguém é santo e nem tem o dito “sangue de barata”, mas não tem outro
jeito ou forma de se construir um país
melhor para todos.
É preciso exercitar e aprender, sobretudo
a conviver!
Dê uma olhada nesse artigo abaixo.
"Odiar é fácil,
qualquer fuinha odeia. Dialogar tem sido para poucos
A histórica ausência de debate
político nas ruas, criou alguns problemas. Por exemplo, a incapacidade de muita
gente de separar o que é um discurso conservador (que tem suas pautas a
respeito do papel do Estado) e os dodóis que, em número insuficiente para
organizarem suas próprias manifestações, tentam empurrar um ato de terceiros
para o fundo do poço com suas ideias que – não raro – vão contra a dignidade e
a legalidade.
Se você acha que não dá para separar
esses dois grupos: os conservadores e os dodóis, é porque precisa sair mais à
rua.
Isto não é inédito aqui no blog, mas
achei que valia o resgate.
No primeiro grupo, colocaria um
senhor, muito simpático, com quem travei um rápido diálogo em uma livraria. Ele
veio até mim, disse que discordava dos pontos de vista deste blog e travou um
debate cordial sobre o papel do Estado no desenvolvimento e sobre algumas
liberdades individuais. Foi duro na argumentação mas, ao mesmo tempo, polido.
Esperou para ouvir minhas considerações, e educadamente, se despediu.
No segundo, incluiria uma senhora
que, no domingo de segundo turno, parou seu carro diante de mim, gritou “Volta
pra Cuba!'', seguido de um elogio à minha progenitora, cuspiu em mim e saiu
cantando pneu. Sorte que a mira dela era tão boa quanto o seu nível de cultura
política.
Quanto mais a esquerda juntar esses
dois grupos no mesmo balaio, mais eles vão se aproximar. Sei que PSDB e PT
trouxeram muito lixo para perto de si como estratégia eleitoral (burra) e,
agora, como diria Antoine de Saint-Exupéry, ambos são responsáveis por aquilo
que seus marqueteiros cativaram. Mas eles também não são os demônios – apenas
andaram invocando Bettle Juice vezes demais.
Mas nós (de esquerda, principalmente
a não partidária) também precisamos fazer essa distinção no dia a dia. Caso
contrário, por identidade reativa, jogaremos no colo dos amantes do ódio uma
parcela da sociedade que apenas discorda de nós do ponto de vista ideológico.
E é isso o que desejam os dodóis, que
insistem em batizar algumas atitudes criminosas de “reivindicações
conservadoras''.
Pois uma coisa é um pensamento, que
merece ser respeitado e, na minha opinião, questionado – quando for o caso –
nas arenas de discussões. A outra é gente que acha que a Constituição é papel
higiênico e as instituições democráticas – que levamos décadas para reconstruir
– são um grande vaso sanitário de onde só exala fedor.
Reivindicações que incluem uma
“intervenção militar constitucional'' (haha), o bloqueio da transformação do
país em uma “ditadura gayzista e feminazi (hahahaha) e uma ação para evitar a
“implantação do comunismo'' pelo partido que está no poder
(kkkkkkkkkk…#morri). Em que país eles vivem?
Li, tempos atrás, um panfleto que
dizia que o PT está rompendo com o capital, o que vai colocar o país em uma
grave crise. Sério? Para com isso… Dá vergonha alheia! Desde quando o PT ou
qualquer partido grande cria entraves para bancos, empreiteiras, empresas de
telefonia e demais doadores de campanha?
Se o PT fizesse isso, eu promoveria
três dias e três noites de balada open bar lá na casa dos meus pais, no Campo
Limpo – porque dá para fechar com lona a garagem, botar umas caixas de som e
umas luzes (#quemnunca).
É fundamental que ultraconservadores
continuem mostrando sua cara e dizendo quem é. Como já disse aqui em outro
texto, você não está cansado de ser xingado por anônimos na internet? Não tem
curiosidade de saber quem prega a violência contra minorias? O que comem? Como
vivem? Como se acasalam?
Uma das maiores consequências das
manifestações de junho de 2013 foi trazer pessoas para ocuparem espaços
públicos e darem suas opiniões que, antes, estavam restritas aos espaços
privados.
Ruas, praças e avenidas não são
apenas rotas de passagem de pedestres e automóveis, mas é onde se faz política
e se exerce a cidadania. Que nos dediquemos a fomentar a cultura política e não
apenas chamar o outro de inimigo. E, aos dodóis que ultrapassarem os limites
democráticos, de forma analógica ou digital, a força da lei.
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