É importante para situar no
cenário geopolítico internacional a crise pela qual passa a Petrobrás, em que
pese o desnudamento de décadas de abusos muito oportuno, e que se espera leve
os envolvidos e responsáveis à cadeia, mas situa muito bem os interesses de
certa mídia antinacional e que não se conforma em ter perdido as últimas
eleições, quando já contavam com a restauração da velha subserviência do país
aos interesses dos EUA.
"Agora as coisas estão mais claras!
Enquanto a mídia brasileira, sórdida como sempre,
tenta faturar politicamente com o declínio das ações da Petrobrás, a imprensa
internacional começa a desvendar o que está por trás da brutal queda nas
cotações de petróleo.
Duas matérias na Reuters nos dão uma ideia do que
está acontecendo.
Antes, duas notícias boas.
1) As ações da Petrobrás pararam de cair. Na Bovespa, devem fechar nesta terça 16 acima de R$ 9,4, com alta entre 2% e 4%.
2) Na bolsa de NY, os papeis da Petrobrás também estão terminando o pregão em alta, valendo US$ 6,39. Ontem, haviam fechado em $6,26.As duas notícias da Reuters são as seguintes.
Uma fala sobre a
violenta desvalorização do rublo, moeda russa, causada pelo declínio dos preços
do petróleo.
Outra fala sobre a
estratégia da Arábia Saudita, aliada dos EUA, de usar o petróleo para atingir a
Rússia e o Irã, ambos sofrendo sanções econômicas da ONU e ambos fortemente
dependentes do petróleo.
A Arábia Saudita, regida por sunitas, é inimiga
mortal do Irã, controlado por xiitas, e quer reduzir a influência dos aiatolás
na região.
Da leitura das análises acima, conclui-se
facilmente que os EUA estão por trás da tática, visando dois objetivos:
1) Vergar o governo russo, ou mesmo derrubar sua principal liderança, Putin, que venceu uma guerra fria (ou nem tão fria assim) na Ucrânia, motivo pelo qual sofre sanções; apoiou a Síria; e fornece tecnologia nuclear ao Irã.
2) Derrubar o regime iraniano, cuja economia, já fragilizada pelas sanções, depende mais do que nunca de preços do petróleo acima de US$ 100. Os EUA são inimigos mortais do Irã, por constituírem o último produtor de petróleo no oriente médio não alinhado ao império, e com planos de desenvolver tecnologia nuclear.
A Petrobrás é uma vítima colateral do processo (ou
nem tão colateral assim, como veremos a seguir).
Sua situação agrava-se, naturalmente, pelos
bombardeios internos causados pela operação Lava Jato.
Os EUA vivem uma situação energética
temporariamente confortável, por causa da nova tecnologia que lhe permite
explorar o petróleo de xisto. E também porque a economia americana, ainda
deficitária em petróleo, não perde com a queda nos preços do combustível.
Ao contrário, a medida ajuda a baixar o custo de vida dos americanos.
Sem contar a possibilidade, algo conspiratória, dos
EUA também estarem interessados em baixar a bola do governo brasileiro, que
acaba de realizar três grandes operações militares: a compra dos caças suecos,
num processo que transferirá tecnologia para o Brasil produzir seus próprios
caças; o avanço da construção do nosso primeiro submarino nuclear; e o
lançamento bem sucedido de um satélite em conjunto com a China.
A nova direita americana, paranoica e aberta aos
delírios do Tea Party, deve temer que um governo forte e nacionalista no Brasil
possa enveredar-se em aventuras “bolivarianas”. Debilitar a Petrobrás, e, por
consequência, o poder de fogo do governo recém-eleito, viria bem a calhar ao
Tio Sam. Até porque facilitaria a introdução de argumentos em prol da
privatização do pré-sal.
Não podemos esquecer que a NSA espionou a Petrobrás
e a presidenta Dilma.
Com uma operação assim, os EUA matam três coelhos
com uma só porrada.
A economia brasileira, todavia, não é, nem de
longe, tão dependente do petróleo como Rússia ou Irã.
A queda no preço do barril apenas leva a Petrobrás
a postergar investimentos, enxugar custos, estabelecer prioridades, aguardando
a poeira assentar, e as coisas se normalizarem.
Como o Brasil, assim como os EUA, ainda consome
mais do que produz, a queda nos preços do petróleo ajuda a derrubar a inflação.
A Petrobrás, por sua vez, tem a vantagem de ser a
principal revendedora de refinados no país, um negócio que se beneficia dos
preços baixos do barril.
Conclusão: a queda no preço do petróleo e, por
consequência, no valor das ações da Petrobrás, tem motivos geopolíticos muito
mais profundos do que um escândalo de corrupção, o qual está sendo investigado
e punido.
A Petrobrás resistirá, e sairá da crise ainda mais
forte, porque mais enxuta e mais experiente.
A economia brasileira, por sua vez, enfrentará a
crise com relativa facilidade, em virtude de sua enorme diversificação.
A guerra entre Obama e Putin nos afeta, claro, mas
a economia brasileira saberá se ajustar rapidamente às novas variáveis.
(publicado em: ocafezinho)
Se gostou deste post subscreva o nosso RSS Feed ou siga-nos no Twitter para acompanhar nossas atualizações
*
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá!
Bem vindo, a sua opinião é muito importante.