O protagonismo do Papa Francisco neste
processo de retomada de relações entre Cuba e EUA não é novo e ainda não se
encerrou, como pode ler no artigo abaixo com sua intermediação para que se
feche um grande centro de tortura inteiramente às margens das leis internacionais,
e mantido com a maior cara de pau do auto-proclamado “dono do mundo”, à revelia
de protestos e acobertado pela mídia usual que faz de conta que ela não existe.
"O Vaticano
ofereceu-se hoje para ajudar os Estados Unidos nos seus esforços para encerrar
a prisão de norte-americana de Guantánamo, um objetivo que conta com forte
apoio do papa Francisco.
A oferta foi feita
durante conversações entre o secretário de Estado do Papa, Pietro Parolin, o
'número dois' da hierarquia do Vaticano, e o secretário de Estado
norte-americano, John Kerry.
Segundo o porta-voz
do Vaticano, Federico Lombardi, a Santa Sé saudou sinais recentes de que o
Presidente norte-americano, Barack Obama, parece ter acelerado os esforços para
fechar as controversas instalações, onde alguns detidos suspeitos de terrorismo
se encontram encarcerados há mais de uma década, sem acusação e sob alegada
tortura.
O Vaticano está
pronto para "ajudar a encontrar soluções humanitárias adequadas, através
dos seus contactos internacionais", para ajudar a instalar os detidos, disse
o porta-voz, acrescentando que Parolin e Kerry tinham debatido aprofundadamente
essa matéria.
Obama foi eleito
Presidente há seis anos, prometendo encerrar Guantánamo, mas tem visto
frustradas as suas tentativas de o fazer, por uma conjugação de fatores: a
oposição do Congresso e as dificuldades em encontrar casas para prisioneiros
que não são, em muitos casos, bem-vindos pelos seus países natais e/ou
suspeitos de envolvimento em atos terroristas, incluindo o 11 de setembro de
2001, em alguns casos.
Em outubro passado,
o papa deixou claro o que pensa em relação ao tipo de abusos associados a
Guantánamo, quando se insurgiu contra o "populismo penal" que levou
os países a facilitarem tortura, usando a pena de morte e encarcerando pessoas
sem julgamento.
"Estes abusos
só acabarão se a comunidade internacional se empenhar firmemente em reconhecer
o princípio de colocação da dignidade humana acima de tudo o resto",
sustentou.
Seis
prisioneiros -- quatro sírios, um palestiniano e um tunisino -- deixaram Guantánamo
no início deste mês em direção ao Uruguai, após 13 anos de prisão.
Assim, continuam
encarceradas 136 pessoas, 67 das quais obtiveram já autorização da
administração norte-americana para serem libertadas.
Desse grupo, 54 são
iemenitas que não podem regressar a casa por causa da atual situação caótica no
país.
Dos prisioneiros
cuja libertação não foi autorizada, 15 são classificados como detidos de
"elevado valor", considerados demasiado perigosos para serem julgados
ou encarcerados nos Estados Unidos.
Para que a prisão
de Guantánamo seja fechada, Obama terá de convencer o Congresso a aceitar a
transferência deste grupo para instalações nos Estados Unidos, o que atualmente
parece improvável, de acordo com a maioria dos observadores da cena política
norte-americana.
Kerry esteve em
Roma para conversações com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu,
no âmbito de esforços para relançar o processo de paz no Médio Oriente, que o
papa Francisco também considerou louváveis. (sicnoticias.pt)
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