Quando, na noite de
domingo 28, conhecermos o resultado final das eleições municipais
deste ano, o PT e o governo terão muito o que celebrar. E algumas
razões para olhar com preocupação para o futuro próximo.
A se considerar o que
aconteceu no primeiro turno e os prognósticos disponíveis para as
disputas de segundo turno, o PT termina as eleições de 2012 como o
principal vitorioso. De qualquer ângulo que se olhe, são as
melhores eleições municipais da história do partido.
Os indicadores são
muitos. Entre os cinco partidos que melhor se saíram nas eleições
anteriores, foi o único que cresceu. Enquanto PMDB, PSDB, DEM e PP
reduziram, o PT ampliou o número de municípios governados por
prefeitos filiados à legenda.
Com isso, manteve sua
tendência de crescimento, sem interrupção, desde a fundação.
Quando se levam em conta apenas as três últimas eleições, foi de
410 prefeituras em 2004 a 628 neste ano (sem incluir as 10 ou mais
que deve ganhar no segundo turno).
Do lado das oposições,
o panorama, ao contrário, se complicou, o que significa outra
vitória para Lula e o PT.
O total de prefeitos
eleitos pelo PSDB, o DEM e o PPS caiu, nos últimos 8 anos, de 1.973
para 1.088 (sem considerar o resultado do segundo turno, que não
deve, no entanto, alterar muito o quadro). Em outras palavras, os
três partidos ficaram com pouco mais da metade das prefeituras que
tinham.
Quanto ao número de
vereadores eleitos, o cenário é parecido. De novo, o PT foi o único
dos grandes que cresceu de 2008 para cá: ganhou cerca de mil novos
vereadores, ao passar de 4.168 para 5.182. Enquanto isso, os três
principais partidos oposicionistas elegeram 2.473 a menos. Entre 2004
e 2012, os representantes petistas nas câmaras municipais aumentaram
em quase 40%.
Para o que efetivamente
contam, portanto, foram eleições favoráveis ao PT. Nelas, o
partido reforçou suas bases municipais, com isso se preparando para
melhorar o desempenho nas próximas eleições legislativas.
Sair-se bem ou mal nas
disputas locais tem impacto pequeno na eleição presidencial, como
ilustra o bem o caso do PMDB, o eterno campeão em termos de
prefeitos e vereadores eleitos, e que não consegue sequer ter
candidato ao Planalto desde 1998. Mas elas são relevantes na
definição do tamanho das bancadas na Câmara, fundamentais para
governar.
Há, além disso, o
aspecto simbólico.
Dessa perspectiva, o
resultado das eleições municipais é mais significativo onde elas
são menos decisivas objetivamente. É nas capitais que se travam as
“grandes batalhas”, as que despertam mais atenção e definem os
“grandes vencedores”, ainda que nelas seja menor a influência
dos prefeitos nas eleições seguintes.
Como algumas ainda estão
indefinidas, é difícil dizer com segurança, mas parece possível
que o partido se aproxime, neste ano, da melhor performance de sua
história, que alcançou em 2004, quando elegeu nove prefeitos de
capital.
É claro que a maior de
todas as batalhas, pelas condições em que foi montado o quadro
eleitoral na cidade, acontece em São Paulo. E com a provável
vitória de Fernando Haddad, a eleição de 2012 será fechada com
chave de ouro para o PT.
Difícil imaginar um
quadro de opinião tão desfavorável como o que foi montado para o
partido nestas eleições. Apesar dele, sai como principal vitorioso.
No plano objetivo e no plano simbólico.
Sem que houvesse qualquer
razão técnica para que o julgamento do “mensalão” fosse
marcado para o período eleitoral, o Supremo Tribunal Federal
estabeleceu seu calendário de tal maneira que parecia desejar que
ele afetasse a tomada de decisão dos leitores. Como, aliás, deixou
claro o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, quando
afirmou que achava “salutar” uma interferência do julgamento na
eleição.
Nossa “grande imprensa”
resolveu fazer do assunto o carro-chefe do noticiário. Desde agosto,
quando começaram as campanhas na televisão e no rádio, trouxeram o
julgamento para o cotidiano da população.
Quem for ingênuo que
acredite ter sido movida por “preocupações morais”. Com seu
currículo, a última coisa que se espera dela é zelo pela ética.
Tudo o que as oposições,
nos partidos, na mídia, no Judiciário, na sociedade, puderam fazer
para que as eleições de 2012 se transformassem em derrota para Lula
e o PT foi feito.
Mas não funcionou.
Mais que bom, isso é
ótimo para o partido. Mostra a força de sua imagem, de suas
lideranças e candidatos. Mostra por que é o grande favorito a
vencer as próximas eleições presidenciais.
O problema é a
frustração de quem apostou que o PT perderia.
E se esses setores,
percebendo que não conseguem vencer com o povo, resolvem prescindir
dele? Se chegarem à conclusão que só têm caminhos sem povo para
atingir o poder? Se acharem que novas intervenções “salutares”
serão necessárias, pois a recente foi inócua?
Marcos
Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
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