Gal. J.B. Figueiredo e Roberto
Marinho das Organizações
Globo
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Incrível
como a Historia se repete, no caso como farsa. A manipulação dos fatos, a invenção
da noticia pura e simples e democracia em risco. Os atores são os mesmos e o
alvo também o mesmo, os interesses da população e do Brasil.
Confira
este artigo de Luis Nassif de 25/09/2012, quando ele analisava um quadro idêntico ao que vemos
hoje – e que repetia o passado – nos meios de comunicação de sempre, quando os
mesmo atores derrotados nas urnas querem levar no braço e no grito o que o voto
e o povo lhes negou.
São significativas as semelhanças entre os tempos
atuais e o período pré-64, que levou à queda de Jango e ao início do regime
militar e mesmo o período 1954, que levou ao suicídio de Getúlio Vargas.
Os tempos são outros, é verdade, e há pelo menos
duas diferenças fundamentais descartando a possibilidade de um mesmo desfecho:
uma economia sob controle e uma presidência exercida na sua plenitude,
sem vácuo de poder.
***
Tirando essas diferenças, a dança é a mesma.
A falta de perspectivas da oposição em assumir o
poder, ou em desenvolver um discurso propositivo, leva-a a explorar caminhos
não-eleitorais.
Parte-se, então, para duas estratégias de
desestabilização – ambas em pacto com a chamada grande mídia.
Uma, a demonização dos personagens políticos. Antes
do seu suicídio, Vargas foi submetido a uma campanha implacável, inclusive com
ataques à sua honra pessoal – que, depois, revelaram-se falsos.
No quadro atual, sem espaço para criticar a
presidente Dilma Rousseff, a mídia – especialmente a revista Veja – move uma
campanha implacável contra Lula.
Chegou ao cúmulo de ameaçar com uma
entrevista supostamente gravada (e não divulgada) de Marcos Valério, como se
Valério tivesse qualquer credibilidade.
Surpreendente foi a participação de FHC, em artigo
no Estadão, sustentando que o julgamento do “mensalão” marca uma nova era na
política. Até agora, o único caso documentado de compra de votos foi no
episódio da votação da emenda da reeleição – que beneficiou o próprio FHC.
***
A segunda estratégia tem sido a de levantar o
fantasma da guerra fria. Mesmo sabendo que Jango jamais foi comunista (aliás, o
personagem que mais admirava era o presidente norte-americano John Kennedy)
durante meses e meses levantou-se o “perigo vermelho” como ameaça.
Grande intelectual, oposicionista, membro da banda
de música da UDN, em 1963 Afonso Arino escreveu um artigo descrevendo o
momento. Nele, mencionava o anacronismo de (em 1963!) se falar de guerra fria,
logo depois de Kennedy e Kruschev terem apertado as mãos. E dizia que, mesmo
sendo anacronismo, esse tipo de campanha acabaria levando à queda do governo
pelo meio militar, devido à falta de pulso de Jango, na condução do governo.
***
O modelo de atuação da velha mídia é o mesmo de
1964, com a diferença de que hoje em dia não há vácuo de poder, como com Jango.
Primeiro, buscam-se personalidades, pessoas que
detenham algum ativo público (como jornalistas, intelectuais, artistas etc.).
Depois, abre-se a demanda por comentaristas ferozes. Para se habilitar à
visibilidade ofertada, os candidatos precisam se superar na ferocidade dos
ataques.
Poetas esquecidos, críticos de música, acadêmicos
atrás de visibilidade, jornalistas, empenham-se em uma batalha similar às arenas
romanas, onde a vitória não será do mais analítico, ponderado, sábio, mas do
que souber melhor agredir o inimigo.
É a grande noite do cachorro louco, uma
selvageria sem paralelo nas últimas duas décadas.
Com sua postura de não se restringir ao julgamento
do “mensalão” em si, mas permitir provocações à presidente da República e a
partidos, o STF não cumpre seu papel.
Aliás, o STF do pós-golpe foi muito mais
democrático do que o atual Supremo. (Luis
Nassif)
Como vê, se não fosse a data e alguns detalhes ele
poderia muito bem ser publicado hoje.
Publicado
e 27/09/12 e revisado em 20/02/15
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