domingo, 30 de dezembro de 2018

“As redes sociais deram voz aos imbecis”. Humberto Eco. Se ele visse hoje...

“As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calarem a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel. O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”.

Este é(ra) o Umberto Eco. Dono de uma língua ferina, não media palavras para dizer suas verdades

No texto abaixo vai encontrar uma seleção de ‘verdades suas’ publicadas pelo HuffPost Brasil, jornal inglês, há já algum tempo, em 2016, mas como ele mesmo fala abaixo “(...) porque acredito na fraqueza da memória das pessoas. Sabemos sempre que no dia a seguir já nada é notícia”, e a velocidade das ‘coisas’ hoje e, sobretudo, da informação lhe dão razão, mesmo assim vale à pena dar uma olhada.

Confira:
“As redes sociais deram voz aos imbecis”: Veja outras preciosidades da lavra do Umberto Eco

Provavelmente um motivo que ajudou o Umberto Eco a ficar fora do circuito normal da mídia convencional como referência que é, ou melhor que foi, foi o fato de ele ter uma bela língua na avaliação e crítica a essa mesma mídia convencional e seu processo visceral, endógeno de 'divulgar a desinformação', como bem avaliou o próprio.
Agora, até por uma questão de pauta, aliado ao fato de ele “ter-se calado” de alguma maneira, é de bom tom começarem a falar e explorar o seu grande acervo, sobretudo de ideias.
Publicado em Blog do Linho
As redes sociais deram voz aos imbecis”: Veja as 17 frases mais marcantes de Umberto Eco, morto aos 84 anos
Discutir a comunicação, a cultura e a sociedade, aliadas às novas tecnologias, foi um dos motes favoritos do escritor e intelectual italiano Umberto Eco, morto aos 84 anos nesta sexta-feira (19), em Milão (Itália). Ele sofria de câncer e faleceu às 22h30 (horário local), em sua casa, segundo a família confirmou ao jornal La Repubblica.

O sepultamento do corpo do escritor acontece na próxima terça-feira (23), informou o La Repubblica, adicionando ainda que o último livro de Eco, Pape Aleppe Satan, será lançado em maio.

Tido em seu país natal como “o homem que sabia de tudo”, dado o seu grande conhecimento, Eco apresentou muitas lições acessíveis por meio de frases marcantes.

O HuffPost Brasil compilou 17 delas não só como forma de homenagear esta figura marcante da sociedade contemporânea, mas também para demonstrar que o mundo fica mais pobre. Com o perdão do trocadilho, todos nós ‘perdemos Eco’.
“As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calarem a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel. O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”. 
Depois de uma cerimônia em que recebeu o título de doutor honoris causa em comunicação e cultura na Universidade de Turim, em 2015.

“A internet não seleciona a informação. Há de tudo por lá. A Wikipédia presta um desserviço ao internauta. Outro dia publicaram fofocas a meu respeito, e tive de intervir e corrigir os erros e absurdos. A internet ainda é um mundo selvagem e perigoso. Tudo surge lá sem hierarquia. A imensa quantidade de coisas que circula é pior que a falta de informação. O excesso de informação provoca a amnésia. Informação demais faz mal. Quando não lembramos o que aprendemos, ficamos parecidos com animais. Conhecer é cortar, é selecionar”.

Em entrevista à Revista Época, em 2011.

“Atribuem-me muitas frases célebres de outros. Ou mesmo situações erradas como a que me atribuíram há uns anos de que eu dissera que um escritor famoso tinha morrido e até o jornal The New York Times me ligou para confirmar. Mas nem sempre confirmam se é verdade, o que já não me incomoda porque acredito na fraqueza da memória das pessoas. Sabemos sempre que no dia a seguir já nada é notícia”.

Em entrevista ao Diário de Notícias, de Portugal, em 2015.

“O livro ainda é o meio ideal para aprender. Não precisa de eletricidade, e você pode riscar à vontade. Achávamos impossível ler textos no monitor do computador. Mas isso faz dois anos. Em minha viagem pelos Estados Unidos, precisava carregar 20 livros comigo, e meu braço não me ajudava. Por isso, resolvi comprar um iPad. Foi útil na questão do transporte dos volumes. 

Comecei a ler no aparelho e não achei tão mau. Aliás, achei ótimo. E passei a ler no iPad, você acredita? Pois é. Mesmo assim, acho que os tablets e e-books servem como auxiliares de leitura. São mais para entretenimento que para estudo. Gosto de riscar, anotar e interferir nas páginas de um livro. Isso ainda não é possível fazer num tablet”.

Em entrevista à Revista Época, em 2011.

“O problema da internet é que produz muito ruído, pois há muita gente a falar ao mesmo tempo. Faz-me lembrar quando na ópera italiana é necessário imitar o ruído da multidão e o que todos pronunciam é a palavra ‘rabarbaro’. Porque imita esse som quando todos repetem ‘rabarbaro rabarbaro rabarbaro’, e o ruído crescente da informação faz correr o risco de se fazer ‘rabarbaro’ sobre os acontecimentos no mundo.”

Em entrevista ao Diário de Notícias, de Portugal, em 2015.

“Eu pessoalmente gosto de livros fáceis que me fazem dormir imediatamente”.
Em entrevista à Revista Vogue, em 1995.

“Creio que o que nos tornamos depende do que nossos pais nos ensinam em momentos estranhos, quando eles não estão tentando nos ensinar. Nós somos formados por pequenos pedaços de sabedoria”.

Trecho do livro Pêndulo de Foucault (1988).

“Populismo midiático significa apelar diretamente à população por meio da mídia. Um político que domina bem o uso da mídia pode moldar os temas políticos fora do parlamento e até eliminar a mediação do parlamento”.

Em entrevista ao jornal americano The New York Times, em 2007.

“Sou firmemente da opinião que o Macintosh (denominação dos computadores Mac da Apple até 1997) é católico e o DOS (sistema operacional usado em computadores pessoais nos anos 1980 e 1990) é protestante. De fato, o Macintosh é contra-reformista e foi influenciado pelo ‘ratio studiorum’ (o plano de padronização da educação) dos jesuítas. Ele é caloroso, amigável, conciliador, diz ao fiel como ele deve proceder, passo a passo, para alcançar, se não o Reino dos Céus, o momento em que o documento é impresso. Ele é catequista: lida-se com a essência da revelação por meio de fórmulas simples e ícones esplêndidos. Todos têm direito à salvação.”

Em ensaio de 1994.

“Essa é minha maneira de contribuir para esclarecer algumas coisas. O intelectual não pode fazer nada, não pode fazer a revolução. As revoluções feitas por intelectuais são sempre muito perigosas”.

Em entrevista à Agência EFE, em 2015.

“A aprendizagem não consiste apenas em saber o que devemos ou podemos fazer, mas também saber o que poderíamos fazer e, talvez, não deveríamos”.

Trecho do livro O Nome da Rosa (1980).

“Na medida em que envelheci, comecei a odiar a humanidade. Portanto, se eu tivesse um poder absoluto, deixaria que ela continuasse em seu caminho de autodestruição. Ela seria destruída e eu ficaria mais feliz. Pessoas como eu são intelectuais: nós fazemos o nosso trabalho, escrevemos artigos, temos maneiras de protestar, mas não podemos mudar o mundo. Tudo o que podemos fazer é apoiar a política de empatia”.

Em coluna ao portal UOL, em 2016.

“Assim eu redescobri o que os escritores sempre souberam (e disseram-nos uma e outra vez): livros sempre falam de outros livros, e cada história conta uma história que já foi contada”.


“Eu passei a acreditar que o mundo inteiro é um enigma. Um enigma inofensivo que é feito por nossa própria tentativa de interpretá-lo, como se houvesse nele uma verdade subjacente”.


“Todos os poetas escrevem poesia ruim. Poetas ruins as publicam, poetas bons as queimam”.


“Nós temos um limite, muito desencorajador e humilhante: a morte. É por isso que nós gostamos de todas as coisas que nos parecem ilimitadas e, portanto, sem fim. É uma forma de fugir dos pensamentos sobre a morte. Nós gostamos de listas porque não queremos morrer”.

Entrevista à revista alemã Der Spiegel, em 2009.

“Quando os homens pararem de acreditar em Deus, isso não significará que eles não acreditam em nada, mas que eles acreditam em tudo”.


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