É o velho
adágio popular: ‘se correr o bicho pega se ficar o bicho come’.
Mesmo com a
perda de leitores a cada dia mais acentuada, bem como a perda de publicidade, é tarde demais para ‘mudar’ e salvar os dedos
já que os anéis estão indo... Isso se o forte ranço ideológico permitisse, logo,
é caprichar no antijornalismo (leia-se: mentiras) e tentar pegar, ou manter, os
incautos leitores – fiéis de um veículo só – sobretudo aqueles “feitos” ao
longo da vida da revista ou jornal.
Com o golpe “fazendo água” e até ameaçando
gorar de vez, ela tem que caprichar, como de resto os demais setores de mídia associadas, posando de
mídia para manter as aparências e com
isso na perder os “fiéis leitores”. Isso sem deixar de editar noticias e fatos
envolvendo os deslizes e ‘pisadas de bola’ do sistema, iludindo o incauto
leitor com suas considerações forjadas, falaciosas e assim aliviando a cara do interino/golpe.
"A verdade por trás do “deboche” de Lula sobre as demissões na imprensa
Alguém posta
no Twitter uma nota do Painel da Folha, e acabo lendo a coluna toda.
Eles sempre
destacam uma frase, e foi ela, a deste domingo, que me chamou a atenção.
É de Cássio
Cunha Lima, senador do PSDB. Trata-se de um caso raro: mesmo sendo do PSDB ele
conseguiu ser cassado quando era governador da Paraíba.
Dado o
regime de impunidade para tucanos que vigora no país, você pode imaginar as
coisas que ele fez para ser chutado do poder.
Ele se
elegeu senador em 2010, mas foi impugnado pela Lei da Ficha Limpa. Mas recebeu
uma mãozinha do STF, que decidiu fazer valer a lei para apenas a partir das
eleições municipais de 2012.
E então esse
ínclito senhor conquistou sua vaga no Senado.
Para ganhar
o destaque do Painel da Folha, ele fez o básico, uma tática infalível para os
que querem os holofotes da mídia: atacou Lula.
Segundo ele,
e a Folha consequentemente, Lula perdeu “completamente o pudor por comemorar a
demissão de jornalistas”.
A mesma tese
fora defendida já pelo blogueiro Josias de Souza em outra empresa de mídia da
Folha, o UOL.
Josias usou
apenas um verbo diferente: de acordo com ele, Lula “debochou” dos jornalistas
demitidos.
Deboche ou
comemoração, isso teria ocorrido no Congresso do PT em Salvador.
O único
problema é o seguinte: Lula não comemorou as demissões e nem muito menos
debochou dos demitidos.
O vídeo da
fala deixa claro isso.
É um caso de
brutal má fé, de distorção selvagem de palavras, de atribuição canalha de
intenções.
Lula
simplesmente registrou as demissões na mídia. Seu ponto era que as pessoas
parecem ter se cansado de ouvir as mentiras da imprensa.
Mentiras,
por exemplo, como estas do UOL e, pela boca do impoluto senador tucano, da
Folha.
Como um
estudioso da mídia, eu acrescentaria que Lula contou parte da história – a
desonestidade da imprensa.
A outra parte
é a Era Digital, que transformou em dinossauros as grandes corporações
jornalísticas.
Mesmo que
fossem imparciais, bem escritos, brilhantes, jornais e revistas não escapariam
da agonia, uma vez que o consumo de notícias se consagrou na internet.
Muito melhor
e maior do que similares brasileiros, a revista americana Time agoniza.
Os donos da
Time – durante décadas uma referência mundial de jornalismo – tentam há anos
encontrar comprador para a revista, inutilmente.
A grande
rival da Time, Newsweek, outro símbolo para jornalistas da minha geração,
simplesmente desapareceu.
A Veja, que
nasceu como cópia da Time, agoniza como a revista que a inspirou.
Com
publicidade despencando, ela se agarra a uma última falácia: a da circulação de
1 milhão.
A Abril gasta
uma fortuna para manter essa miragem. Milhares e milhares de ex-assinantes
continuam a receber a revista sem pagar nada.
Antes, a
conta – cada exemplar custa alguns reais — era paga pela publicidade. Agora que
os anúncios se foram, a empresa tem que gastar dinheiro dela mesma para
imprimir revistas distribuídas gratuitamente.
É mais que
previsível que, em breve, a Abril faça um ajuste na circulação da Veja para
trazê-la para a dura realidade – talvez, com sorte, metade do falso milhão.
Lula não
colocou este contexto ao falar na crise da imprensa, mas ele não estava numa
conferência de mídia.
E muito
menos comemorou ou debochou: registrou um fato.
O problema
maior não está nos jornalistas demitidos: a carreira jornalística acabará se
reorganizando na internet.
O drama real
está nas grandes empresas – para as quais o destino tende fortemente a ser o
dos fabricantes de carruagens quando surgiram os carros.
Dado o mal
que elas fazem à sociedade ao defender um modelo de privilégios e desigualdade,
quem lamenta?
Por Paulo Nogueira
(revisado
e atualizado)
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