O
ultra-individualismo das sociedade submissas aos mercados, e a aposta
nos novos valores da juventude e numa política despartidarizada.
A
vida é um fenômeno que resulta de relações: “não existe vida
no isolamento”, ensina a professora e conferencista argentina Lia
Diskin – em entrevista realizada para o estudo Política Cidadã,
produzido pelo instituto Ideafix para o IDS (Instituto Democracia e
Sustentabilidade). Os valores que deveriam nos orientar são,
portanto, interdependência, empatia, solidariedade, cooperação,
partilhamento: “a compreensão de que estamos imersos em uma
comunidade viva que nos sustenta”. Ao contrário, a ideologia
dominante em nossa cultura é a do individualismo. “Mas nenhum de
nós se fez sozinho, embora se tente fazer crer que a criação desta
obra ou daquela ideia seja exclusivamente de fulano ou beltrano”,
recorda ela.(...)
Ao falar sobre a necessidade de redefinir nossas prioridades, ela elege a educação como meio por excelência para o cultivo de outros valores. E aponta a televisão, grande instrumento de lazer do povo brasileiro, como o instigador da violência e do desrespeito ao humano. “É o deboche, a ridicularização do outro, em que todo mundo ri da desgraça alheia. Como achar graça de uma criança que está aprendendo a caminhar e cai? Como isso pode ser motivo de chacota?”
Sobre a atividade política, Lia entende que – ao contrário do que hoje se considera – talvez seja a mais elevada e mais nobre que podemos ter. “Porque nos erguemos acima dos interesses pessoais e passamos a contemplar o que atende às necessidades de uma parcela maior da população.”
Ela defende que os interesses nacionais e coletivos devem estar acima de qualquer tipo de partidarismo. “Se a gente não entender que político é aquilo que atende a todos nós, independente do partido em que estamos engajados, vai ser muito difícil resgatar o princípio fundante da vida comunitária, da vida pública”, explica, ressalvando que apesar disso os partidos políticos devem ser fortalecidos, já que são eles que mantêm a roda dos espaços institucionais em funcionamento. A seguir, a entrevista. (I.C.)
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