Em
pronunciamento neste primeiro de maio a presidente Dilma “traçou”
as coordenadas para o seu governo e deixou mais claro a que veio:
“Não quero ser a presidenta que cuida apenas do desenvolvimento do
país, mas das pessoas”. É o que você confere, abaixo, neste
artigo do Luis Nassif.
Durante um ano o governo
Dilma Rousseff foi cauteloso. Desarmou bombas deixadas pelo caminho,
baixou a fervura das disputas com a mídia, deu reconhecimento devido
ao principal referencial da oposição, Fernando Henrique Cardoso, e
ousou pouco.
Passou a impressão de ter
se curvado aos excessos da realpolitik, da cautela.
Mas apenas seguia uma
estratégia pensada, gradativa, mas sem perder de vista o objetivo
final.
***
Passado o primeiro ano,
consolidada a gestão, com índices altos de popularidade, Dilma deu
início à segunda fase, a da ousadia. E colocou para fora seu lado
desenvolvimentista, avançando contra dogmas de mercado, falsos.
O discurso de Dilma no 1o
de maio é um divisor de águas, uma espécie de travessia de
Rubicão, onde pela primeira vez estão explicitados os objetivos
maiores do governo.
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A lógica é direta.
O trabalhador ajuda a
construir o país. E merece usufruir da riqueza do país, na forma de
melhores empregos, salário digno e formação de qualidade.
Para poder lhe oferecer
isso, o país necessita consolidar seu crescimento, equilibrar sua
economia, diminuir as desigualdades, proteger a indústria e a
agricultura, desenvolver novas tecnologias e ser competitivo e
soberano no mundo.
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“Não quero ser a
presidenta que cuida apenas do desenvolvimento do país, mas das
pessoas”, enfatizou Dilma. Significa lutar por saúde melhor para
pobres e classe média, educação de qualidade em todos os níveis –
inclusive técnico e universitário -, no Brasil e no exterior. A
menina dos olhos da presidente é o programa “Brasil Sem
Fronteiras”, que pretende conseguir bolsas para brasileiros nas
principais universidades do mundo.
O objetivo é “enxergar o
trabalhador com cidadão, e por isso plenos de direitos civis; e como
consumidor, com condições de comprar todos bens e serviços que sua
família precise para viver condignamente”.
E aí entrou no tema
juros.
***
Segundo Dilma, a economia
só será plenamente competitiva quando as taxas de juros internas se
igualarem às taxas praticadas no cenário internacional. Aí os
produtores vão poder produzir e vender melhor e os consumidores e
comprar mais e pagar com mais tranquilidade.
***
“É inadmissível ter um
dos juros mais altos do mundo (…) O Brasil de hoje não justifica
isso (…) Os bancos não podem continuar cobrando os mesmos juros
para empresas e consumidores enquanto taxa básica cai, economia
estável e maioria absoluta dos brasileiros honra seus compromissos”,
foram alguns dos trechos do discurso.
***
O grande desafio para a
queda adicional dos juros está na remuneração da caderneta de
poupança. Ontem, a equipe econômica esteve reunida por mais de
cinco horas para fechar a proposta da nova forma de remuneração da
poupança.
A ideia é uma proposta que
tenha continuidade, um modelo que seja suficientemente flexível para
perdurar no tempo.
No final do dia, a proposta
foi encaminhada para a área jurídica, para dar o formato que
permita ao Banco Central operar a mudança.
***
Amanhã o Ministro da
Fazenda Guido Mantega deverá se reunir com diretores de redação de
jornais e com jornalistas para explicar o mecanismo e tentar amenizar
eventuais mensagens terroristas.
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